| E agora, José? | E agora eu vou lá |
| A festa acabou, | na terra da luz |
| a luz apagou, | eu vou enxergar |
| o povo sumiu, | o amor de Jesus |
| a noite esfriou, | em tudo o que há |
| e agora, José? | e agora eu vou lá |
| e agora, você? | E agora eu vou lá |
| você que é sem nome, | Vou matar a fome |
| que zomba dos outros, | do meu coração |
| você que faz versos, | chamar pelo nome |
| que ama, protesta? | o amigo Perdão |
| e agora, José? | e agora eu vou lá |
| Está sem mulher, | vou andar com fé |
| está sem discurso, | não vou duvidar |
| está sem carinho, | deste céu de luz |
| já não pode beber, | e da flor que virá |
| já não pode fumar, | já pode florescer |
| cuspir já não pode, | murchar não dá mais |
| a noite esfriou, | ela desabrochou |
| o dia não veio, | no sonho da paz |
| o bonde não veio, | o grão de centeio |
| o riso não veio | no meio da gente |
| não veio a utopia | será nosso pão |
| e tudo acabou | de cada dia |
| e tudo fugiu | de cada João |
| e tudo mofou, | de cada Maria |
| e agora, José? | e agora eu vou lá |
| Sua doce palavra, | o arrependimento |
| seu instante de febre, | não mata nem fere |
| sua gula e jejum, | alegre daquele |
| sua biblioteca, | que reconhece |
| sua lavra de ouro, | os erros de outrora |
| seu terno de vidro, | para corrigí-los |
| sua incoerência, | para superá-los |
| seu ódio - e agora? | a partir de agora |
| Com a chave na mão | Deus no coração |
| quer abrir a porta, | nada mais importa |
| não existe porta; | tudo me conforta |
| quer morrer no mar, | vou pra nosso lar |
| mas o mar secou; | nosso lar cresceu |
| quer ir para Minas, | quero reformá-lo |
| Minas não há mais. | quero povoá-lo |
| José, e agora? | eu quero agora |
| Se você gritasse, | Se já fiz gritar |
| se você gemesse, | Se já fiz gemer |
| se você tocasse | Se já espalhei |
| a valsa vienense, | a dor do meu viver |
| se você dormisse, | Se já magoei |
| se você cansasse, | Se já desisti |
| se você morresse... | Se eu já morrí |
| Mas você não morre, | Então vou renascer |
| você é duro, José! | bem melhor do que fui |
| Sozinho no escuro | Com fé no futuro |
| qual bicho-do-mato, | eu sigo e resgato |
| sem teogonia, | os erros que um dia |
| sem parede nua | já fiz na vida |
| para se encostar, | pra me enganar |
| sem cavalo preto | num cavalo branco |
| que fuja a galope, | que voa com asas |
| você marcha, José! | eu vou para sempre |
| José, para onde? | Pra sempre eu vou |
domingo, 2 de março de 2014
Nenhuma poema representa melhor a falta de esperança do que "E agora, José?", de Carlos Drummond de Andrade, lindamente musicado por Paulo Diniz. A poesia da letra é bela, mas sua ideia é desesperadora. Por isso, resolvi fazer uma paródia, com uma letra otimista, pra cima! Com vocês, "E agora eu vou lá". Cantem comigo!
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Thiago de Góes: E agora, José? E, agora, eu vou lá!
Nenhuma poema representa melhor a falta de esperança do que "E agora, José?", de Carlos Drummond de Andrade, lindamente musicado p...
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