É proibido cochilar!
por Thiago de Góes
Na calçada fria, bailavam sinuosas labaredas; e as fagulhas fugidias caoticamente dispersas no sereno da noite. Eram como poderoso feitiço, aos olhos sonolentos do menino por trás do pequeno chapéu de palha! E do bigode pintado à lápis...
Nem mais o estalo do chumbinho no chão, nem a suave mordida no milho assado, nem o doce colorido das bandeirolas ao léu eram capazes de estancar o sono...
Olhou para o céu e ouviu das estrelas: É proibido cochilar! Olhou para a fogueira e uma língua de fogo de um dragão sedento lhe sentenciou: É proibido cochilar!
Era mais forte do que ele, no entanto... Ainda que não se desse por vencido! Correu pra lá e pra cá, deu tapinhas na cara. Tudo em vão... Caiu no sono, como quem desperta quando cai no abismo dos pesadelos que se repetem.
E lá estavam novamente o dragão e suas estrelas, como impiedosos juízes. Você não podia dormir, repetiram. Avisamos! Agora está condenado ao reino das sombras! Por toda a eternidade...
E riram como riem os anjos do mal! E o menino chorou como choram os anjos do bem...
E no entanto ele olhou para dentro do seu chapéu de palha e ouviu de lá uma doce voz dizer: Acorda, meu filho! Foi um sonho! Fique tranquilo. Já estamos voltando para casa...
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