sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

Reflexões sobre o humor

Trago do Ceará o bom-humor deste povo que sabe rir da vida como ninguém, amenizando o peso das dificuldades cotidianas. Após alguns anos morando em Fortaleza, nada mais natural que me deixasse contaminar por este espírito zombeteiro de quem sabe que tudo pode ser desculpa para uma boa piada.

Por aqui, aprendi a admirar este humor como parte da cearensidade, como identidade cultural e alma de um povo. Admiro esse traço quase entranhado no DNA das pessoas.

Hoje, vejo que o humor tem um poder anárquico sobre as coisas. Aquele que sabe rir de si mesmo, por exemplo, dificilmente será ridicularizado. É também veículo para transmitir mensagens que, por outra forma, enfrentariam muita resistência. Humor serve à crítica de toda sorte, pois costuma não seguir regras nem convenções sociais. O Palhaço é, na verdade, um grande revolucionário!

Porém, vejo alguns limites para o humor. Quando usado com imaturidade, ele pode machucar os outros, ou nos colocar no piloto automático, agindo sem pensar. Se nos deixarmos dominar por ele, sem refletir sobre suas consequências, podemos nos render à piada, para apunhalar os amigos. Se estamos completamente imiscuídos em sua sintonia, sem usar nenhum tipo de filtros, podemos apenas reverberar toda sorte de zombarias que se nos avizinham. Nem parece que somos nós que estamos falando...

Também não acredito na felicidade de quem está sempre feliz. Há tempo de rir, há tempo de chorar. Ninguém pode rir o tempo inteiro, de maneira autêntica. O humor não pode ser uma fuga, entende?

Portanto, acredito que devemos ter equilíbrio no uso do humor. É um instrumento poderoso e pode trazer muitos benefícios, quando usado com sabedoria. Se formos imaturos, corremos o risco de transformar nosso bom-humor em ironia ou coisa parecida. E como há uma linha muito tênue entre um e outro caso, devemos ter cuidado.

5 Thiago de Góes: Reflexões sobre o humor Trago do Ceará o bom-humor deste povo que sabe rir da vida como ninguém, amenizando o peso das dificuldades cotidianas. Após alguns anos mor...

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